Será que você está livre?
O acúmulo predominante de células gordurosas na região abdominal leva a um aumento de risco de doença e ou acidente cardiovascular e morte prematura entre 40 e 60 anos. As principais alterações metabólicas associadas com obesidade abdominal são as dislipidemias (triglicerídeos e LDL-coleste-rol (ruim) altos, com HDL-colesterol (bom) baixo) e a resistência à insulina (pré-diabetes). Nos últimos anos, os estudos clínicos deixaram claro que o tipo de distribuição de gordura corporal pode ajudar a estratificar o risco cardiovascular.
Na década de 40 o risco era mais associado com a obesidade “androide” (obesidade abdominal alta ou corpo em “forma de maçã”) do que com a obesidade “ginoide” (obesidade corporal mais baixa ou corpo “em forma de pera”). Atualmente, sabe-se que há uma relação entre o risco cardiovascular e o volume de gordura intra-abdominal (dentro da cavidade abdominal, ao redor dos órgãos ou neles, como a esteatose hepática). Podemos quantificá-la através de exames sofisticados, como a ressonância magnética, ultrassonografia de abdômen ou de uma maneira bem simples: a medida da circunferência da cintura, que não deve ultrapassar 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A Síndrome Metabólica (SM) é um conjunto de fatores de risco que associados elevam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes, além de aumentar a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes. Nos Estados Unidos estima-se que 24% da população adulta seja portadora da SM e que aproximadamente 50 a 60% dos americanos com mais de cinquenta anos também fazem parte dessa preocupante população de alto risco cardiovascular.
No Brasil, o Estudo do Rio de Janeiro, iniciado em 1983, avaliou a pressão arterial em mais de 7 mil jovens e seus familiares, analisando seus fatores de risco cardiovascular. Os resultados deste estudo mostraram uma relação direta entre a pressão arterial e o peso corporal dos jovens e seus familiares. Segundo dados do IBGE, houve uma evolução no perfil antropométrico-nutricional de toda a população brasileira, incluindo crianças e adolescentes entre 1974-1975 e 2002-2003. Al¬guns fatores contribuem para o aparecimento da SM: os genéticos (20 a 30%), o excesso de peso (espe-cialmente na região abdominal) por ingesta de alimentos ricos em car¬boidratos de cadeia simples e a vida sedentária. Os fatores de risco são os seguintes: acúmulo de gordura abdominal; HDL colesterol inferior a 40mg/dl em homens e 50mg/dl nas mulheres; níveis de triglicerídeos maiores que 149mg/dl; pressão arterial maior que 134/84 mmHg e, finalmente, glicemia elevada, 110mg/dl ou superior. Quando três ou mais fatores de risco estão presentes, esta¬mos diante da síndrome metabólica.
Observação: Há muitos outros exames além desses que mostram alto risco de doença cardiovascular.
Segundo as pesquisas, um em cada cinco adultos nos Estados Unidos tem a SM, que ocorre com mais frequência entre os africanos, hispânicos e asiáticos e aumenta com o envelhecimento e mais ainda se a pessoa tem uma vida sedentária. A maioria não tem sintomas, entretanto, correm o risco de desenvolver doenças graves, como o infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e o diabetes.
Um “acidente” não se sabe se vai acontecer, e se for acontecer, não se sabe quando, não é verdade? Por isso se dá o nome de “acidente”!! Não se esqueça que a maioria das pessoas que sofrem um Acidente Cardiovascular geralmente não estava sentindo nada alguns minutos antes. Por isso é chamado de Acidente Vascular Cerebral (AVC). A pessoa não sente as alterações que estão acontecendo em seu corpo e de repente acontece a formação de um coágulo dentro de uma artéria cerebral ou do coração que obstrui a circulação sanguínea e pronto!! Já era!!
Está comprovado que exercício físico e dieta são considerados terapia de primeira escolha levando à redução expressiva da circunferência abdominal e da gordura visceral, podendo ainda melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo os níveis de glicose. Simultaneamente há redução da pressão arterial e nos níveis de triglicérides, bem como aumento do HDL-colesterol. Há recomendações em relação ao plano alimentar como reduzir a ingestão de calorias sob a forma de carboidratos de ca-deia simples (açúcares, farináceos, laticínios, industrializados com xarope de milho, etc., ...) e mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas, assim como reduzir o consumo de gorduras trans (hidrogenada) e aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais, diminuindo a ingestão de açúcar e sal, consumidos habitualmente em excesso.
Por isso, é muito importante que você procure um médico que cuide de sua saúde enquanto ainda não está tendo sintomas, para que ele possa fazer uma avaliação integrativa e funcional de seu corpo através de exames detalhados e individualizados, definir como ele está e traçar uma estratégia junto com você para que possam manter ou promover a saúde, qualidade de vida e longevidade saudável.